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Janeiro o mês de ...


Janeiro Mês de Cantar dos Reis, das Janeiras e da Matança do Porco


Falar de Janeiro é falar das cantorias que se faziam de porta em porta, e da habitual matança do porco que se alimenta durante parte do ano.

Na aldeia dos Casais de Revelhos, era o Cantar dos Reis a tradição mais utilizada, onde um grupo de populares, chamados de "reiseiros", tocavam e cantavam às portas das casas da aldeia, invocando a celebração da visita dos três Reis Magos ao menino Jesus, e onde ao mesmo tempo que se oferecia uma bebida ou outra oferenda. Era um evento tipicamente religioso. Atualmente é uma tradição que ainda é praticada pelos elementos do Rancho Folclórico e Etnográfico dos Casais de Revelhos.

As Janeiras são cantares entoados em honra ao Deus Janus, Deus das Portas do Céu, também conhecido por, Deus dos Princípios ou das Entradas, e, de onde aliás deriva o nome do mês de Janeiro. São também alegria do povo a cantar porque estão vivos e porque estamos no princípio do ano, na época do solstício de inverno com os dias a crescer, acabamos de sair da noite mais longa do ano.

Era também no mês de Janeiro, que após a criação dos porcos, alimentados com lavaduras e outros desperdícios agrícolas e alimentares, se matavam os porcos na chamada “matança do porco”. Era uma das formas de alimentar a família ao longo de vários meses, quer com a carne do porco colocada na salgadeira e também com os seus derivados.

A época da matança do porco decorre de novembro a janeiro, uma vez que o frio é um fator essencial para a conservação da carne. O dia da matança combina-se com antecedência. Convidam-se os familiares mais próximos, vizinhos e amigos que mais tarde retribuirão o convite por altura da matança dos seus porcos.

São recordados os os matabichos de aguardente e passas de figo, a distribuição dos homens, onde um agarra uma perna, outro o rabo, outro as orelhas e o focinho, até que finalmente capturam o animal. A tarefa do sangrador, a quem cabia o papel de mestre de cerimónias e imolar o animal (recordar entre outros o Ti João Lopes), a tarefa da mulher que acompanha o desenrolar da matança e apara o sangue para um alguidar, estando sempre a mexer, a juntar sal e a colocar vinagre, a ida à Ribeira lavar as tripas, tarefa tipicamente feminina.

De seguida o animal era coberto com caruma, e os homens passavam a limpar o porco, raspando com telhas para lhe tirar os pelos, tarefa esta conhecida por escanhoamento.

É também nesta altura que o animal é aberto, e é retirado o baço, conhecido como passarinha, que saía diretamente para as brasas, temperada apenas com sal e temperado no prato com azeite e alho. Faziam-se também os “carriços”, onde se cortavam bocadinhos de febra, fritos e servidos aos intervenientes, e onde outros grelhavam febras.

Se o meu porco não morrer,
                         eu dou um alqueiro de milho a comer.
 (Dizer antigo da Tia Mena Velha)

Nas tarefas agrícolas altura das podas das macieiras, videiras, e no minguante de Janeiro as laranjeiras, alguma sementeira de Batata de sequeiro, e o lavrar de algumas terras,

No Janeiro sobe ao outeiro, se vires verdejar põe-te a chorar, se vires terrear põe-te a cantar. (Provérbio popular antigo)

Contado na actividade dos Serões e Memórias da Aldeia pelas intervenientes, Dª Isabel, Dª Ortelinda e Dª Graça em  25 de Janeiro de 2020.



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