Porque se comemora o Dia do Trabalhador?
E se tivesse de trabalhar 14 a 15 horas por dia, sem as mínimas condições de salubridade, iluminação, com salários baixos e sem quaisquer direitos?
A data para as celebrações do 1º de Maio, foi decidida no Congresso Socialista de 1889, como uma campanha internacional a favor das oito horas de trabalho.
No entanto a data que tem origem a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886.
Foram os factos históricos que transformaram o 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir os seus direitos, apenas trabalhavam.
No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e uns anos depois a Rússia fez o mesmo.
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.
Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas.
Em Portugal, os trabalhadores aderiram a esta comemoração e sob o olhar de D. Carlos, nasceram os encontros da massa de trabalhadores, no que eram secundados pelos patrões, que se consideravam oficiais dos mesmos ofícios.
A comemoração centrava-se num desfile que atravessava a Avenida da Liberdade e seguia até ao Cemitério dos Prazeres, onde eram colocadas flores no túmulo de José Fontana, republicano socialista que levantara o movimento operário em Portugal.
A manifestação era organizada pela Federação das Associações Operárias, com bandas de música que tocavam o Hino do 1º de Maio, composto pelo pianista Eduardo Garrido. A cidade apresentava-se de traje domingueiro e alinhava no cortejo, que contava ainda com carros alegóricos que a Associação da Classe correspondente enfeitava.
Portugal enfrentava uma época económica problemática, devido aos conflitos que existiam entre os países imperialistas e à crise argentina, que culminou em Portugal com a falência da casa bancária Baring & Bros, os banqueiros do Estado Português. Também a abolição da escravatura no Brasil e a proclamação da República em 1889, afectaram a transferência dos haveres portugueses naquele país.
Foi na segunda metade do século XIX que as lutas laborais mais se desenvolveram no nosso país, nas mais variadas vertentes. De 1890 a 1892 as associações laborais intervieram na formação social e económica, organizados num quadro legal que nunca antes haviam tido.
No século XIX foi reconhecido o direito de associação aos trabalhadores, o que possibilitava a formação das associações de classe, a que se seguiu a regulamentação, por parte do Estado, do trabalho das mulheres e dos menores nos estabelecimentos industriais. Mas o movimento operário chegou mais longe e empenhou-se na conquista das melhorias laborais e sociais, promoveu acções culturais e de desenvolvimento da educação.
É nesta altura que surgem as associações mutualistas, que se organizam de forma a proteger os trabalhadores em caso de acidente e as suas famílias, para além de promoverem a cultura nas classes mais baixas.
A Sociedade dos Artistas Lisbonenses ou Sociedade dos Artistas, fundada no final de 1838, por 19 operários de vários ramos, foi a primeira associação operária a nascer, o que motivou o movimento de emancipação operária que se seguiu.
A segunda associação que lutou para promover melhorias na classe operária, foi o Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas, fundado em 1850.
A terceira e talvez mais conhecida, foi fundada em 1883 com o nome de Sociedade de Beneficência e de Instrução A Voz do Operário, criada pela classe dos operários manipuladores de tabaco, uma das que enfrentava as mais duras condições de trabalho, com horários de 14 a 16 horas, salários baixos, péssimas condições de salubridade e ainda castigos corporais.
Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo.
Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, com o grande impulso no 1.º de Maio de 62.
Mais de 200 mil operários agrícolas, que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974.
A celebração do 1º de maio de 1974, apenas uma semana decorrida após a revolução do 25 de abril, permanece ainda hoje como a maior manifestação popular da história portuguesa. Do norte ao sul do país, centenas de milhares de pessoas saíram à rua nesse dia demonstrando de forma espontânea a sua alegria pela liberdade recentemente conquistada. A RTP acompanhou de perto os sentimentos do povo português nesse dia histórico, assim como desde então tem marcado presença contínua em todas as manifestações que anualmente celebram o Dia do Trabalhador.
Em 2020 as manifestações com menos gente e uma distância mínima de segurança, grupos que desafiaram as proibições ou até discursos para uma multidão de carros. Em todo o mundo, muitos tentaram contornar as restrições trazidas pela pandemia de Covid-19, para celebrar o Dia do Trabalhador
Adaptado e retirados dos sites
https://pt.euronews.com/2018/04/30/significado-e-historia-do-1-de-maio-dia-do-trabalhador
https://arquivos.rtp.pt/colecoes/1o-de-maio/
https://rr.sapo.pt/2020/05/02/mundo/como-se-celebrou-o-1-de-maio-em-portugal-e-no-resto-do-mundo-em-plena-pandemia-de-covid-19/especial/191370/
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